Terra Mãe

Carlos Lopes

 

Rodando pelo espaço infinito

Nessa energia vertiginosa

Com lava fervente interior

Serve-nos tudo calmo e bonito

Em azul celeste, verde ou rosa

Com água pura, gelo e vapor

 

Por magia uma pequena semente

Molda-se num suculento melão

Ou numa sequóia frondosa

Enquanto fico sem fazer nada, contente

Ela me dá alimento, respiração

E o milagre de uma vida amorosa

 

Zanga-se de vez em quando

Claro ! só para nos lembrar

O poder subtil da terra e do fogo

Que pisamos solo flutuando

Corremos cheios de água e ar

Até ela apitar o fim do jogo

 

Por fim, na terra mergulhamos

Não importa quem somos ou o dinheiro

Reis, sábios, mendigos, doutores

Após tudo o que da terra tiramos

Ela nos devora por inteiro

Eterno, só ideias, artes e amores

 

Ela é a nossa adorada Terra mãe

Que nos dá vida, protege e alimenta

Grato por tanto amor e beleza

Desfruto-a, tento tratá-la bem

E danço sua calma ou tormenta

Como um bom filho da natureza

 

Medalha de Ouro Nacional da Académie Européenne des Arts (Paris) – Out 2009